terça-feira, 12 de abril de 2016

Apúlia: O paraíso do povo...

26/08/2012, in Correio do Minho



Os encantos da praia da Apúlia estão, na sua totalidade, por explicar. As suas águas, dizem os antigos, têm muito iodo e fazem bem à saúde. O peixe é fresco e chama a multidão logo nas primeiras horas do dia. A fila de trânsito chega a sair da freguesia e lugares para estacionar, em pleno mês de Agosto, valem ouro. Há diversões, esplanadas em fartura, e as geleiras fazem cada vez mais companhia aos veraneantes. As colónias de férias - Segurança Social e JoãoPauloII -, trazem muita alegria à praia. É carinhosamente tratada por Apulinésia, numa comparação às ilhas do Oceano Pacífico, que são cabeça-de-cartaz nos sonhos dos destinos turísticos...
Ver o barcos a chegar é uma alegria das primeiras horas da manhã. São 9.15 horas. O mestre Júlio Casais chega, na compa-nhia de Fábio Cunha, e a multidão enclina-se para o barco. Polvos grandes e pequenos, algumas fanecas, são o espólio de mais uma ida ao mar que co-meçou às 5 horas. “Correu mais ou menos”, diz o mestre do ‘Anjo da guarda nos guia’, acrescentando que este Agosto “até tem corrido bem”. O polvo vai de 5 a 8 euros, dependendo do tama-nho. “É a preço de hipermercado” diz uma veraneante, “mas este foi pescado agora”, respondem-lhe da multidão. Júlio Casais refere que a pesca “vai dando para viver”, mas as contas “são feitas ao dia”. “Até porque, agora, praticamente todos os dias o preço do combustível sobe. Uma viagem de quatro horas, com a ajuda do GPS, custa cerca de 25 euros de combustível”, acrescenta.
Veio o ‘Alegre’ e trouxe sardinas e carapaus. Quanto é? “São 2,5 euros” responde Dona Laida. 
Ao lado está Maria Casais, irmã do mestre do ‘Anjo da guarda nos guia’. Trabalhou “em flores e em cafés”, mas ficou desempregada “há dois anos”. “O meu irmão deu-me a mão. Tive um casamento difícil e para pagar as contas e dois filhos a estudar tive que abraçar esta profissão”. “Não me importo, até por- que é honesta”, acrescenta ainda.
Agora chega o ‘Sra. dos Aflitos’ e o sarrão começa a chamar logo à atenção. Vermelho, ao lado das cavalas e das viúvas. Orobalo da banca ao lado, esbelto e a 15 euros o quilo, passa para segundo plano. Maria, de 5 anos, fica encantada com dois “bichos”. “O que é, mãe? Um lavagante e uma navalheira”, res-ponde. Os olhos da pequena Maria brilham perante 180 gramas de marisco... mas para quem esteve quatro horas no mar apenas os dois na rede significam tristeza. “Não tem saído maris-co. Só há nos meses com a letra R”, refere Paula Pinheiro. “Não. Nos meses com R é que ele é bom, mas há todos os meses se o mar der, avisa a vendedora.

Deixa-se a pequena lota da Apúlia rumando à Praia da Colónia da Segurança Social. A música e as diversões anunciam desde logo a romaria. A praia está lotada, a maré está baixa e o banheiro Secundino não pára. Trabalha intensamente “quatro meses por ano a vender no bar da praia e a alugar as barracas. Quanto custam? “Sete euros por dia, 45 euros por quinze dias”. E as vendas? “Setenta por quinzena”. Filho do antigo banheiro do Castelo está no negócio “há quarenta anos”. “Tenho 53 e desde que me lembro só fiz isto e nesta maravilhosa Apúlia”.

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